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A vaca de leite que se encontra na fase final da lactação passa por mudanças drásticas no seu estado fisiológico, endocrinológico, anatômico e comportamental. Essas mudanças preparam o animal para o parto e para a produção de leite, passando assim de um período seco para um período produtivo, que compreende o intervalo de três semanas antes e três semanas após o parto, conhecido como período de transição.
O programa das vacas secas inicia o próximo ciclo de lactação, exercendo uma grande influência na ocorrência de doenças metabólicas (cetose, deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda e febre do leite), na mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários ao rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima lactação. Desta forma um correto programa de vacas secas resultaria em um adicional de 200 a 1400 litros de leite na próxima lactação.
O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células desgastadas, um bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto. Também é importante lembrar que neste período a imunidade do animal é muito fraca, o que torna o animal susceptível a adquirir mastite, desta forma recomenda-se a aplicação de um antibiótico intramamário específico para este período, a fim de evitar problemas no início da lactação.
Assim sendo, as vacas no período seco devem ser divididas em dois grupos de manejo: o primeiro grupo abrange todos os animais que iniciam o período de repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas antes do parto, o grupo das vacas no período de transição. Uma das maiores razões que explica a necessidade e a vantagem de se ter dois grupos diferentes para as vacas secas, é a de que se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois grupos.
Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados com uma pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação destes, no entanto, no final do período seco onde ocorre um grande aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da pressão interna nos órgãos digestivos, diminuindo o espaço ocupado pelos alimentos, este fato, associado com a grande variação hormonal no período pré-parto, reduz o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a um balanço energético negativo, aumentando a absorção de gordura que será acumulada no fígado, podendo causar problemas. Devido a esse espaço reduzido, é necessário que a vaca consuma pouco alimento, porém que este seja de qualidade e de grande valor nutricional, e que supra as necessidades da vaca e do feto.
Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período pré-parto e no início da lactação, onde o aparelho reprodutivo ainda se encontra aberto e as taxas de infecção de mastite são altas, com isso o fornecimento de vitamina E, zinco, cobre e selênio pode ser benéfico evitando problemas como mastite e retenção de placenta. Feno ou silagem com bolor, não devem ser fornecidos às vacas, pois pode afetar o sistema imunológico e reprodutivo, podendo até causar aborto.Logo após o parto, existe um elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de cálcio no sangue e como consequência predispõe a vaca uma hipocalcemia (vaca caída/febre do leite). Níveis reduzidos de cálcio no sangue podem levar a retenção de placenta, demora no retorno do tamanho normal do útero e um aumento na incidência de deslocamento do abomaso. Desta forma, a utilização de sais pré-parto pode evitar a hipocalcemia aumentando a mobilização de cálcio nos ossos no início da lactação, principalmente. Algumas estratégias de manejo devem ser seguidas durante o período de transição para reduzir o risco de enfermidades e infecções depois do parto:
1. Prevenir a diminuição da concentração de cálcio no sangue (febre do leite). Os ajustes na ração da vaca seca próxima o parto que podem ajudar a prevenir a febre do leite incluem: Retirar as vacas secas e novilhas prenhas das pastagens de aveia e azevém 30 dias antes do parto, pois esta pastagem possui teores elevados de fósforo e potássio, que levará a redução na absorção de Cálcio no pós-parto, além de causar edema de úbere; e fornecer uma dieta com balanço adequado de minerais e nutrientes;
2. Evitar o balanço energético negativo imediatamente depois do parto. Isto só pode ser alcançado fornecendo uma dieta com volumosos de excelente qualidade e grãos altamente fermentáveis, assegurando sempre, um nível mínimo de ingestão de fibra. Devemos sempre lembrar que o aumento de 1 kg de leite no pico de lactação representará 200 kg ou mais de leite em toda a lactação;
3. Suplementar a vaca com vitamina E, vitamina A, cobre, selênio e zinco, para melhorar o sistema imune e prevenir infecções e problemas metabólicos;
4. Não permitir com que as vacas estejam magras ou muito gordas no momento do parto, pois vacas que parem mais gordas, tendem a consumir menos alimentos no pós-parto, precisando mobilizar mais reservas corporais, ficando então mais sujeitas aos problemas metabólicos, com prejuízo na produção de leite. Além do que, vacas magras no momento do parto não possuem adequadas reservas de energia para suportar toda a lactação;
5. Preparar o rúmen para as dietas ricas em concentrado que serão fornecidos depois do parto. As mudanças bruscas para as rações ricas em energia das vacas em lactação podem levar a acidose ruminal e por conseqüência a laminite. A adaptação do rumem as rações ricas em amido requer de três a quatro semanas. Devido a este período de ajuste, se deve iniciar a introdução de grãos durante as últimas semanas do período seco.
6. Fornecer dietas à vontade e manter espaço de cocho adequado para todos os animais, para não ter aglomeração.
Tão importante como a lactação (momento produtivo da vaca), e que gera rentabilidade para o produtor, é o período de transição, especificamente o pré-parto, onde geralmente os animais ficam separados em piquetes à parte e são ignorados em relação às suas necessidades, pois maior atenção é dada aos animais produtivos do rebanho, fato errôneo, pois a lactação e a expressão da potencialidade leiteira depende em grande parte do manejo pré-parto.
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Fonte
Taíse Maldaner Schlieck - Zootecnista