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Silagem de Milho – Principais cuidados na colheita

A silagem de milho é conhecida por ser um alimento de alto padrão para ser oferecido para as vacas de leite. A silagem pode, de fato, ser um alimento de alta qualidade, mas dependendo do manejo de ensilagem pode ser prejudicial aos animais. Só se conhece de fato a qualidade da silagem pelo laudo de análise laboratorial e pelo desempenho das vacas. Existem diversos parâmetros que são importantes para determinar a qualidade das silagens, como o teor de matéria seca, tamanho do picado, quantidade de grãos e o grau de moagem dos grãos.

Primeiramente, é preciso entender que a silagem de milho não é considerada 100% volumoso, pois possui uma quantidade significativa de grãos em sua composição. Uma silagem de milho de boa qualidade possui em média 30-40% de grãos na matéria seca (MS). Sabe-se que geralmente 50% do valor energético de uma silagem bem feita é proveniente do amido que está no grão de milho.

Diversos fatores podem afetar o aproveitamento dos grãos na silagem, mas principalmente o estágio de maturidade do milho no momento da colheita, o tamanho das partículas da silagem e o grau de processamento dos grãos. Via de regra, quanto mais maduro está o milho no momento da colheita, pior é o aproveitamento dos grãos. O mesmo vale para o tamanho do picado, de maneira geral, quanto maiores às partículas e quanto menos processados forem os grãos, menor será o aproveitamento do alimento pelas vacas.

Em geral, o ponto ideal de colheita do milho se dá quando os grãos atingem o estádio de farináceo-duro, ou 50% da linha do leite, e a planta com teores de MS variando entre 32% e 38%, dependendo do ciclo do híbrido.

No ponto de grão leitoso, o potencial de produção de grãos é de apenas 50%, ou seja, somente metade dos grãos que seriam produzidos na lavoura de milho serão colhidos na ensilagem. Portanto, o produtor que fez investimentos em uma lavoura de milho, estará colhendo mais forragem do que grãos, resultando numa silagem de menor qualidade e de baixa energia.

Normalmente a colheita do milho é feita com ensiladeira, com rendimento médio de 10 toneladas por hora. O maquinário deve estar regulado e as facas bem afiadas, para realizar corte homogêneo da planta, com partículas no tamanho entre 6 a 10mm.

O tamanho das partículas da silagem tem relação com o teor de fibra do alimento, que é a propriedade da silagem responsável pelo estímulo à mastigação. Para que o ambiente ruminal mantenha-se saudável, em boas condições para o desenvolvimento adequado dos microrganismos responsáveis pela digestão da fibra, as vacas precisam ruminar para produzir bastante saliva, que contem componentes essenciais para manter o pH do rumem em níveis adequados. Dessa forma, é importante que a dieta das vacas contenha bons teores de fibra, mas sem exagero. Quanto maior o tamanho do picado da silagem, maior seu teor de fibra, o que é interessante para estimular a mastigação. Entretanto, o excesso de fibra pode limitar o consumo de alimento, pois enche o rumem e o animal sente-se satisfeito e não se alimenta mais, o que irá refletir na queda da produção de leite.

Com relação ao processamento dos grãos no momento da ensilagem, é desejável que o processo de colheita e conservação do milho promova alguma quebra nos grãos, para melhorar o seu aproveitamento pelos animais. Quando o animal consome o grão de milho inteiro ele não consegue aproveitar 100% pois há uma camada que protege o grão que dificulta a ação das bactérias do rumem, pode-se observar este efeito no esterco dos animais, quando oferecemos o grão de milho inteiro, as bactérias consomem apenas a parte interna e o animal acaba eliminando a casca do milho.

Diversos estudos demonstram que o fator que mais prejudica a qualidade das silagens é o grau de maturidade da planta no momento da colheita. Silagens com altos teores de palhada, caule e sabugo reduzem significativamente o desempenho das vacas, pois apresentam menor digestibilidade e também afeta a fermentação do alimento no silo, contribuindo para aumentar as perdas e trazer prejuízos ao produtor.

A compactação do silo tem por objetivo retirar a máxima quantidade de oxigênio presente na massa ensilada e com isso melhorar a fermentação e a qualidade da silagem. A formação de um ambiente anaeróbio (sem oxigênio) irá promover o desenvolvimento de bactérias produtoras de ácido, principalmente ácido lático, que conservam a silagem.

A compactação normalmente é feita com tratores, que passam diversas vezes sobre a forragem, até que essa se torne suficientemente “socada”. O pneu do trator deve estar limpo, sem terra ou esterco, para evitar contaminação da silagem.

Pequenas propriedades podem fazer a compactação da forragem com os pés, caminhando-se sobre o silo e socando a forragem. Recomenda-se que as camadas de forragem do silo não sejam grossas, para evitar a formação de camadas de ar.

O tempo entre o enchimento e o fechamento do silo deve ser o mais rápido possível, preferencialmente fechando o silo no mesmo dia.

Para fechar o silo, deve-se usar lona plástica de boa qualidade, sem furos, e sempre cobrir com terra ou palha. No momento do fechamento deve-se retirar todo o ar que está sob a lona. Toda borda da lona deve ser enterrada para impedir a entrada de ar ou de água no silo. Deve-se isolar a área para evitar a entrada de animais e pessoas que podem danificar a lona.

Quando a produção e uso das silagens são pequenos, pode-se considerar alternativas de produção da silagem que não os silos convencionais de trincheira ou superfície. Porém, vale lembrar que os cuidados em relação à picagem, compactação e vedação devem ser os mesmos.

Silagem em sacos plásticos é uma opção barata, podendo-se aproveitar sacos de adubo desde que bem lavados e sem furos. A compactação é feita com os pés ou bastões, e a vedação amarrando-se a boca do saco. Silagem em tambores também é uma forma de aproveitamento de materiais disponíveis na propriedade, é muito prático, pois permite movimentação conforme local de uso, a vedação é facilitada pela tampa dos tambores que forma evita a entrada de ar.

Como para qualquer outro alimento, investir na qualidade da silagem de milho é um esforço que sempre será recompensado, pois será refletido na melhoria do desempenho das vacas.

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Fonte
Taíse M. Maldaner Schlieck – Zootecnista. Karen D. Brustolin Golin – Eng. Agrônoma.

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